08/08/2009

Malditos traços.





Até ali eles o perseguiam. Fora naquele sótão empoeirado onde surgiram primeiro.

Anos depois o sol ainda imprimia no adorno sobre a escrivaninha a silhueta que ensinara Carlos a traçar as primeiras linhas. Com passar das horas no mundo lá fora a luz, janela a dentro, caminhava pela cerâmica ensinando-o a dar volume às formas. Depois viria a estante, o chapeleiro, a porta, a rua, a escola, os prêmios, as galerias. Tudo devidamente vetorizado, convertido em ponto de fuga, espessura, pressão e hachura.

Descendo a escada, já na sala o desenho da poltrona vazia. Malditos traços, não redesenhavam quem deveriam.