03/07/2009

Coisas que o medo esconde

Na real, minha grana não dava pro taxi até o aeroporto e se não encarasse alguns minutos esperando o bus na Barra não voltava mais pra casa.

Conferi no celular. Já era cinco da matina,“Daqui a pouco clareia e já não tô mais aqui", pensei.

Não demorou pra surgir escura de um beco uma figura languida e descalça.

Só o notei, por não estar no meu lugar. Na minha terra, onde tudo é mais limpo e a gente é mais bonita, ele seria pisável, ignorável e talvez desprezível.

Mas a Barra não era meu lugar e nós dois sabíamos disso.

Chegou mais perto de sobre passo, como capoeira armando a vingativa, e ameaçou com seu bahianês: - Meu abençoado. Você ta perdido aqui, é? Aqui não tem ninguém por você não, vice? Passe logo sua mochila...

Olho riscado de vermelho e meio amarelado, cuspia fome, talvez larica, molhando meu rosto de raiva e alforria.

Serrei os punhos, mas não os usei. Minha voz é que foi a chibata:

Vaza daqui! Nego de...!

7 comentários:

  1. como tu escreve bem!! ;O

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  2. e nós dois sabíamos disso."

    Muito massa e se lhe serve de incentivo: continue.

    Leitores nem sempre escritores.

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  3. Porto da Barra....às 5:00 da matina, FODA!!!!
    Lembro da gente discutindo os horários dos ônibus e empresas para ligarmos e termos uma informação certa para vc não ficar horas na rua esperando o bus....
    Ainda bem que sua voz foi forte como uma chibata!!!!!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Muito aprazível essas suas estorias cara, pode crer, ta muito bem escrito! é de uma grandiloquência respeitavel.

    Abração!!!

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  6. Meu amigo, vou te dizer uma coisa: que grata surpresa estes teus textos!!!

    Muito bom. Sabe quando a gente pensa "porra, eu queria ter escrito isso!" ?

    Muito bom, muito bom!

    Abraço,

    de Bem

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Comentário é bom e eu gosto.